segunda-feira, 18 de maio de 2009

Textículos de Mary e Banda d’As Cachorra


Algumas bandas entram para o imaginário popular com muito pouco. Um disco, uma música. Acabam e um dia viram cult. Para ganhar esse status espera-se pelo menos ousadia, inovação, algo diferente. A cada dia que passa isso fica mais difícil, quase tudo soa como cópia. Em Recife, no auge do Mangue Beat, aconteceu a invasão dos monstros notívagos no maravilhoso mundo musical dos caranguejos com cérebro. Uma invasão que prometia radicalizar a cena.

Textículos de Mary 

A invasão foi traduzida por muita gente como uma banda. Mas essa era apenas uma das facetas pensadas para compor a história do travesti que se mutilou e deu origem a Textículos de Mary com seus personagens representando o submundo de perversões sexuais, violência e opressão. Para caracterizar a imagem do produto gerado pelo travesti, nada melhor do que três vocalistas homossexuais a frente da banda. A idéia inicial não parava na ação sonora, era para ser multimídia. Com música, vídeos e até história em quadrinhos, que se perdeu e nunca foi lançada. Havia pessoas de outras áreas envolvidas, como artistas plásticos e cineastas. Se apenas como banda eles tocaram o terror por onde passaram, não dá para imaginar o que aconteceria se todas as idéias tivessem sido postas em prática.

O braço armado da Textículos é a Banda d’As Cachorra. Inicialmente formada por três seres indecisos sexualmente que tocavam forró e pagode na noite recifense. A transformação ocorreu devido a contaminação pelo material genético mutante intravenosamente. Mas a mutação não trouxe só benefícios, ela se mostrou de vida curta, o que pode explicar as várias formações que a banda teve.

Toda a história foi idealizada por Fábio Mafra, ex-vocalista mais conhecido como Chupeta. A idéia era conceitual e com vida útil definida. Começou em 1997 quando o percussionista Linaldo Batista (Loira Negra) começou a namorar a mãe de Fábio (Chupeta). Os dois começaram a compor e outros músicos foram entrando. O contrato assinado com a Deckdisc previa três discos com temáticas específicas. Após o terceiro álbum o fim seria decretado. O primeiro disco, Cheque Girls, seria o mais leve. No segundo, Bissexuástica, mais pesado, o sucesso subiria a cabeça dos personagens. Chegou a ser mostrado a Deckdisc através de uma Demo gravada em Recife, mas o contrato foi rescindido e apenas o primeiro foi lançado. O último álbum seria deprimente, suicida.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   -Bissexuástica
1- Marilyn Mason's Operation
2- Bicha Escrota
3- Estados Transitórios
4- Cocrodilagem
5- Catchup
6- Genérico
7- Baratinhos da Nice
8- Árvore Genealógica
9- Vassoura de Piaçava
10- A Vingança de Geyzakelly
11- Terminal de Casa Caiada
12- Três Oitão
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   -Cheque Girls
1. Serviço de Utilidade Pública
2. (Propóstata)
3. Natasha Orloff
4. Menarca (Sometimes I Feel Like Crazy)
5. Todinha Su (She-ra)
6. Charles Bronson´s Song
7. Desaqüenda
8. Uma Linda em Berlim
9. Jeniffer
10. Entradas e Bandeiras
11. Legalize Também
12. Obráite

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